domingo, 24 de outubro de 2010

Semente.


Um dia na vida de uma tartaruga antiga com um casco duro, burra de sensação -impossibilitada, coitada... - encontra o Sr Esquilo Folha Seca , leve, rápido, intocável, vindo do espaço onde as coisas não tem tempo, onde o momento pede o salto, onde a vida plaina.

Nesse inesperado encontro plantam juntos uma semente.

E, já não fosse o inesperado do encontro entre uma tartaruga centenária e um esquilo voador, outra surpresa acontece. A sensação de reencontro, uma cumplicidade instantânea.

Plantam uma semente que a tartaruga trouxe, e seguem.

Mas a Tartaruga fica confusa.... ! Como pode, ela, com casca tão grossa, sentir a brisa suave do Sr folha? Como pode, ela, tartaruga antiga, perceber tal sutileza... ?

A tartaruga, pensa mais.

Pensa no casco, sempre ali - nunca tão grosso, mas sempre protetor. Lembra que o casco salvou sua vida quando ela ficou presa nas pedras. Depois pensa, que sem casco, ela não teria ficado presa; teria passado entre as pedras. Pensa então, que talvez, o casco não fosse uma necessidade dela. Que talvez o casco fosse mais um costume, desses que a gente passa sem nem perceber, que fica emprestado na vida da gente. Colado, como todo costume.

Imagina a vida sem casco.Se sente veloz, plena, leve... Como uma água viva!

“Como uma tartaruga, pensa ser uma água viva?”

Esse pensamento encerrou todos os outros.

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